Ética e a responsabilização social
23, julho, 2009A ética e a responsabilização social têm que ser repensadas em todos os seus aspectos. O homem precisa refletir sobre o seu papel social. O ser humano precisa construir o seu novo ser.
Atualmente, temos um grande desafio na vida: construir o nosso ser com espírito ético, fraternal e voltado para o resgate de uma hipoteca social. Temos a seguinte realidade crua: dois terços da população mundial vivem em condições de pobreza absoluta e cerca de dezessete por cento desse contingente passa fome. Sabe-se que o número de pobres é um bom instrumento para se avaliar o desenvolvimento humano. Segundo estudos do Banco Mundial, o exército de pessoas que vivem na pobreza absoluta - aquelas que subsistem com uma renda equivalente a menos de US$ 1 por dia - continuará a aumentar. Esse contingente de pessoas desprovidas de qualquer condição de sobrevivência atingiu a triste marca de 1,2 bilhões de miseráveis em 1987. Hoje está em torno de 1,5 bilhões, ou 25% da população do mundo, e deve chegar a perto de 2 bilhões no ano de 2015. Já o Brasil não é um país pobre, e sim um país desigual. A pobreza existe quando um segmento da população é incapaz de gerar renda suficiente para ter acesso sustentável aos recursos básicos que garantam uma qualidade de vida digna. Aproveitando o impacto midiático da crise no Senado Federal, é salutar destacar para os desavisados que cada brasileiro paga R$ 6.000,00/ano pela corrupção do país. Pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas com base em dados do Banco Mundial e da organização não-governamental “Transparência Internacional” mostra essa miserável realidade. Esses dados nos causam perplexidade ética, mas a nossa indignação, na maioria das vezes, não se transforma em ação. Ter boas intenções não basta. É preciso agir na busca da contraposição contra todas as mazelas que ferem a ética do direito constitucional “dignidade da pessoa humana”, estatuído no inciso III do artigo 1º da Carta Outubrista de 1988. Sabe-se que a corrupção é uma torneira que derrama os recursos que poderiam salvar muitas vidas, construir escolas, hospitais, moradias, fazer estradas para escoar a produção agrícola para matar a fome do povo... Ser ético é um grande negócio. A ética é um investimento que traz muitos frutos. O professor de ética profissional Mário Alencastro, ao falar para empresários do Paraná, defendeu “se você for correto na sua empresa, as pessoas vão ter confiança em você, no trabalho e no produto. O lucro aparece na seqüência”. AFRFB Ana Emília Baracuhy Cavalcanti, chefe da SRRF04/Digep, em matéria publicada em um periódico, preleciona que não existe um manual de procedimentos éticos, pois o comportamento ético é um “impulso natural por agir corretamente nascido da nossa livre compreensão das coisas. É essencialmente espontâneo. É naturalmente orientado para não causar dor ou sofrimento e para fazer o bem sempre que possível. O respeito profundo por si e pelos outros é a base do comportamento ético”. Isso tudo se chama ética de responsabilidade solidária, que significa colocar-se no lugar do próximo. É se indignar com as minorias que são excluídas da sociedade. É fazer algo para reverter à situação de vítima de todos aqueles sofredores do apartheid social. Para os professores Jung Mo Sung e Josué Cãndido da Silva, na obra “Conversando sobre ética e sociedade”, uma ação solidária é necessariamente uma ação coletiva que se expressa atualmente nos movimentos sociais em defesa dos mais fracos – movimento pelos direitos humanos, ecológicos, de mulheres, índios, de combate à fome e tantos outros que se baseiam numa nova ética social, a ética solidária. Os AFRFB deram mais uma mostra da sua tão característica solidariedade ontem (9/7) ao realizar a entrega à Defesa Civil de 150 colchões adquiridos com os valores arrecadados entre os Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil na “Campanha de Solidariedade aos Desabrigados pelas Enchentes”, que contou com o apoio da DS/CE. “Mas, é preciso acreditar que o espírito é tanto maior quanto maior a negação da qual ele retorna a si, portanto, a constatação da precariedade ética de nossa sociedade não deve nos paralisar, não deve ser para nós motivo de resignação e perda de esperança, antes, devemos seguir renovando os esforços de conhecer o nosso ethos, de penetrar nos meandros de sua construção histórico-social, para intervir no presente na expectativa de criar um futuro diferente, no qual a normatividade ética esteja em consonância com as mais legítimas aspirações de elevação da condição humana e, ao mesmo tempo, que a norma ética presente na lei permita que cada um de nós se reconheça nela, ou seja, que ela constitua a expressão verdadeira de nossa autonomia como cidadãos do Estado”, assim preleciona o professor Alfredo de Oliveira Moraes da UFPE. João Bosco Barbosa Martins é escritor, poeta, ativista pela paz e não-violência e é coordenador do Projeto “Fortaleza em Paz”. Este artigo reflete as opiniões do(s) autor(es), e não necessariamente da Delegacia Sindical do Ceará. Esta Delegacia Sindical não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizada pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações. |
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