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Ética, não vamos perder a esperança!

14, outubro, 2008

Por João Bosco Barbosa Martins

“A óptica social está errada. A atitude da sociedade é burra, quando fecha os olhos para o criminoso de punhos de seda, cuja conduta tem um terrível subproduto, ainda insuficientemente avaliado. Subproduto consistente na contribuição para o agravamento das condições sócio-econômicas da maioria do povo, geradores principais das agressões urbanas. E, paradoxo dos paradoxos, algumas das vozes mais calorosas no combate à violência assustadora, mas nascida no submundo das metrópole, certamente seriam caladas se fosse possível punir a grande e desumana violência dos criminosos de paletó e gravata. Isso porque algumas dessas vozes pertencem a eles. Essa é uma realidade que ainda não atingiu a consciência do povo”.
(Walter Ceneviva é advogado e ex-professor de direito civil da PUC-SP. É autor, entre muitas outras obras, do livro "Direito Constitucional Brasileiro".)

Os ratos não moram somente nos esgotos fedidos das ruas em grandes cidades... Com a alcunha de serem modernos já passeiam fora de sua zona de conforto e passam a galgar espaços em altos cargos de expressão nacional, sugando a credibilidade da administração pública.

Cada vez mais se vê escândalos no país que mancha a imagem do serviço público e conseqüentemente do servidor público na verdadeira essência da palavra, aquele que se preocupa com o resgate de uma hipoteca social para com a coletividade que paga os seus salários.

Mesmo com esse cenário de violação de princípios éticos no país não devemos perder a esperança, pois enquanto há vida, há esperança. Temos sempre que fazer a nossa parte para colaborar com a melhoria do mundo e com a nossa organização.

Sabe-se que o brasileiro a cada dia que passa se depara com um novo escândalo no país: sanguessugas, mensalão, desvios de merenda escolar, guerra civil organizada pelo PCC em São Paulo, compra de votos, caixa dois nas campanhas eleitorais, dentre outros que não podemos perder de vista. Mas mesmo assim não devemos perder a esperança de um País mais ético. O que está acontecendo com a ética de nosso povo? Será que isso é fenômeno atual ou já faz parte da história do homem?

Nesse sentido, com maestria asseverou o Escritor Viriato Correia: “Se você agir com dignidade pode até não consertar o mundo, mas tenha certeza de uma coisa, aqui na terra haverá um canalha a menos”.

Vamos fazer uma breve reflexão sobre o tema! Inicialmente, vamos tentar definir a palavra “ética”. Essa palavra é derivada do grego ethikos, que, traduzindo para a nossa língua seria a expressão “morada do homem” ou, mais tecnicamente, se conceitua como a ciência da moral.
De acordo com a opinião de observadores internacionais, refletida no Índice de Percepções de Corrupção divulgado em outubro de 2004 pela Transparency International, o grau de corrupção atribuído às relações entre o Estado e a sociedade no Brasil não se alterou em relação aos seis anos anteriores. O índice (que em 2004 inclui 146 países) classifica opiniões sobre o grau de corrupção nos países numa escala de zero a dez, em que dez corresponde ao menor grau de corrupção percebido e zero ao maior grau.

O Brasil recebeu em 2004 a pontuação de 3,9, repetindo assim o desempenho em 2003 (esse havia sido 4,0 em 2002 e 2001; 3,9 em 2000; 4,1 em 1999 e 4,0 em 1998). Isso indica que o país não tem piorado ao longo do tempo na percepção internacional sobre o grau de corrupção vigente – mas, também, assinala que não tem melhorado.

Sabe-se que a corrupção é uma torneira que derrama os recursos que poderiam salvar muitas vidas, construir escolas e hospitais, fazer estradas para escoar a produção agrícola para matar a fome do povo.

Segundo estudos elaborados pelo professor Marcos Gonçalves da Silva, da Faculdade Getúlio Vargas, se a conta da corrupção fosse dividida com todos os brasileiros, o custo, para cada um, corresponderia a 6.658 reais por ano. “Se não houvesse maracutaia, a produtividade do país aumentaria, e como resultado a renda per capita dos brasileiros poderia subir para 9.800 reais nas próximas décadas”, assevera o economista.

Aí é bom reflexionar: como esperar do homem perfeição ou conduta ética? Então, será que é normal a falta de ética na sociedade? Agir com ética exige adesão emocional; é espontânea; nasce da livre compreensão das coisas; nasce do impulso natural por agir corretamente e também há a necessidade de uma evolução da moral de conseqüência para a ética de conseqüência.

Outro economista chamado Lúcio Gusmão Lobo, em uma matéria sobre impunidade e corrupção, recentemente, afirmou que: “A corrupção em suas variadas formas é inerente ao ser humano. Se não fosse uma verdade inconteste, a história não registraria tantos casos, quer no passado mais remoto, quer no presente. A tentação que ela exerce é não raras vezes irresistível. Não é, portanto, privilégio dos brasileiros. Ela é universal. Tanto está presente no Ocidente quanto no Oriente. Entre povos ricos e populações pobres”.

Um dos fatores que estimulam a corrupção é com certeza a impunidade. Tolerar é permitir que se faça algo.

Precisa-se de pessoas com decoro, dignidade, honestidade, que se possam dar bons exemplos ao próximo e ao país, que tenham coerência em seus atos, expressões, discursos, seus valores e crenças.

Procuram-se homens racionais, com consciência. Precisa-se que o homem valorize mais o ser que o ter. Enfim, deve-se buscar a ética e a felicidade de todos.

* João Bosco Barbosa Martins é AFRFB, lotado na ALF/FOR, com exercício na Seção de Arrecadação e Cobrança (Sarac), especialista em Direito Administrativo pela Faculdade de Direito do Recife e instrutor da Disciplina “Ética na Administração Pública” da Escola de Administração Fazendária (ESAF) no Curso de Formação de AFRFB e ATRFB.

Este artigo reflete as opiniões do autor, e não necessariamente da Delegacia Sindical do Ceará. Esta Delegacia Sindical não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizada pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.