Ética, não vamos perder a esperança!
17, agosto, 2011Por João Bosco Barbosa Martins
Os ratos não moram somente nos esgotos fedidos das ruas em grandes cidades... Com a alcunha de serem modernos já passeiam fora de sua zona de conforto e passam a galgar espaços em altos cargos de expressão nacional, sugando a credibilidade da administração pública, pois cada vez mais se vê escândalos no país que mancha a imagem do serviço público e conseqüentemente do servidor público na verdadeira essência da palavra, àquele que se preocupa com o resgate de uma hipoteca social para com a coletividade que paga os seus salários. Mesmo com esse cenário de violação de princípios éticos no país não devemos perder a confiança em dias melhores, pois enquanto há vida, há esperança... Temos sempre que fazer a nossa parte para colaborar com a melhoria do mundo. Enquanto houver o fortalecimento da honrosa institucionla Policial Federal, Receita Federal, Ministério Público acreditamos nós brasileiros na verdadeira democracia e no combate a corrupção que tira um certo tipo de desesperança para a população que vê no dia a dia mais e mais casos de desvio público em nosso país. Nesse sentido, com maestria asseverou o Escritor Viriato Correia: “Se você agir com dignidade pode até não consertar o mundo, mas tenha certeza de uma coisa, aqui na terra haverá um canalha a menos”. Assim o brasileiro a cada dia que passa se depara com um novo escândalo no país. O que está acontecendo com a ética de nosso povo? Será que isso é fenômeno atual ou já faz parte da história do homem? Vamos fazer uma breve reflexão sobre o tema! Inicialmente vamos tentar definir a palavra “ética”. Essa palavra é derivada do grego ethikos, que, traduzindo para a nossa língua seria a expressão “morada do homem” ou, mais tecnicamente, se conceitua como a ciência da moral. De acordo com a opinião de observadores internacionais, refletida no Índice de Percepções de Corrupção divulgado em outubro de 2004 pela Transparency International, o grau de corrupção atribuído às relações entre o Estado e a sociedade no Brasil não se alterou em relação aos seis anos anteriores. O índice (que em 2004 inclui 146 países) classifica opiniões sobre o grau de corrupção nos países numa escala de 0 a 10, em que 10 corresponde ao menor grau de corrupção percebido e 0 ao maior grau. O Brasil recebeu em 2004 a pontuação de 3,9, repetindo assim o desempenho do em 2003 (esse havia sido 4,0 em 2002 e 2001; 3,9 em 2000; 4,1 em 1999 e 4,0 em 1998). Isso indica que o país não tem piorado ao longo do tempo na percepção internacional sobre o grau de corrupção vigente – mas, também, assinala que não tem melhorado. Sabe-se que a corrupção é uma torneira que derrama os recursos que poderiam salvar muitas vidas, construir escolas e hospitais, fazer estradas para escoar a produção agrícola para matar a fome do povo, mas segundo estudos elaborados pelo professor Marcos Gonçalves da Silva, da Faculdade Getúlio Vargas, se a conta da corrupção fosse dividida com todos os brasileiros, o custo, para cada um, corresponderia a 6.658 reais por ano. “Se não houvesse maracutaia, a produtividade do país aumentaria, e como resultado a renda per capita dos brasileiros poderia subir para 9800 reais nas próximas décadas”, assevera o economista. Aí é bom reflexionar: como esperar do homem perfeição ou conduta ética? Então, será que é normal a falta de ética na sociedade? Agir com ética exige adesão emocional; é espontânea; nasce da livre compreensão das coisas; nasce do impulso natural por agir corretamente e também há a necessidade de uma evolução da moral de conseqüência para a ética de conseqüência. Outro economista chamado Lúcio Gusmão Lobo, em uma matéria sobre impunidade e corrupção, recentemente, afirmou que: “A corrupção em suas variadas formas é inerente ao ser humano. Se não fosse uma verdade inconteste, a história não registraria tantos casos, quer no passado mais remoto, quer no presente. A tentação que ela exerce é não raras vezes irresistível. Não é, portanto, privilégio dos brasileiros. Ela é universal. Tanto está presente no Ocidente quanto no Oriente. Entre povos ricos e populações pobres”. Um dos fatores que estimulam a corrupção é com certeza a impunidade. Tolerar é permitir que se faça algo. Se o homem não tem princípios, ele vai querer aplicar a “Lei de Gerson”, ou seja, vai querer levar vantagem em tudo. A propósito, Napoleon Hill, desestimulando esse tipo de pessoa, afirmou que o mundo não é dos mais espertos. Mais cedo ou mais tarde, só terá sucesso àquele que crer firmemente na realização do sucesso. Cabe aqui, também, um esclarecimento sobre o espírito ético do ser humano em querer progredir na vida, de ser ambicioso em seus projetos pessoais e profissionais. Ser ambicioso é ter metas, objetivos na vida, é querer suprir todas as suas necessidades básicas, como, por exemplo, querer ganhar muita grana na vida. Não existe nada de errado em se ter ambição na vida. O que é lamentável é querer conseguir isso a qualquer custo ou passando por cima dos outros. É querer implementar a cultura da corrupção no seio da sociedade. É desesperançar um povo que quer passar a limpo esse país com padrões éticos. Urge que se coloque a disciplina da ética como um conteúdo transversal nas escolas. Somente através do resgate de uma hipoteca social é que mudaremos o país. Todos aplicando a regra de ouro na vida: “Fazer ao outro aquilo que você gostaria que esse fizesse com você”. Precisa-se de pessoas com decoro, dignidade, honestidade, que se possam dar bons exemplos ao próximo e ao país, que tenham coerência em seus atos, expressões, discursos, seus valores e crenças. Procuram-se homens racionais, com consciência. Precisa-se que o homem valorize mais o ser que o ter. Enfim, deve-se buscar a ética e a felicidade de todos. * João Bosco Barbosa Martins é Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil, Alfândega do Porto de Fortaleza, Ativista pela Paz e Não-Violência, escritor e especialista em Direito Administrativo pela Faculdade de Direito do Recife. Este artigo reflete as opiniões do(s) autor(es), e não necessariamente da Delegacia Sindical do Ceará. Esta Delegacia Sindical não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizada pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações. |
Outros artigos