Implantação da Previdência Complementar: Por Que As Mulheres Seriam As Grandes Perdedoras?
12, novembro, 2010Por João Luis Gondim
O tema da reforma da Previdência permanece em pauta e, embora os candidatos a Presidente evitassem explicitar suas propostas sobre este tema tão impopular, existe uma probabilidade nada desprezível de reforma no próximo quadriênio. A implantação da Previdência Complementar para os servidores públicos tem sido citada na imprensa nacional como uma reforma desejável. Como os aspectos positivos desta reforma tem recebido um espaço suficiente na grande mídia, este artigo, e outros que seguirão, pretende enfatizar certos aspectos negativos, que tem passado despercebidos, buscando, com isso, propiciar um julgamento mais equilibrado dos efeitos desta reforma. O primeiro aspecto diz respeito ao duplo impacto negativo desta reforma nas mulheres. Em comparação com a situação atual elas passarão a: a) contribuir por um tempo maior (acaba o diferencial de 5 anos em relação aos homens); b) receber um benefício de aposentadoria menor do que o dos homens. No sistema de capitalização utilizado na Previdência Complementar, as contribuições dos participantes são acumuladas em contas individuais. Quanto maior o período de contribuição, maior o valor capitalizado. O benefício de aposentadoria é pago a partir deste valor capitalizado. Quando este valor se exaure, termina o pagamento dos benefícios. Assim, para um mesmo valor capitalizado, os participantes com maior expectativa de vida devem se contentar com aposentadorias menores simplesmente porque este valor será dividido por um número maior de anos. Ou seja, Quanto maior a expectativa de vida após a aposentadoria, menor o valor desta aposentadoria. Ocorre, que este privilégio concedido pela natureza às mulheres produz uma desvantagem para as participantes da Previdência Complementar: menores aposentadorias. Dessa forma, após a implantação da Previdência Complementar, mesmo que as mulheres passem a contribuir por mais 5 anos (impacto a: fim do tratamento benevolente do sistema atual), ainda assim elas receberão um benefício de aposentadoria inferior ao dos homens (impacto b: maior longevidade após aposentadoria). No próximo artigo: Uma Reforma da Previdência Que… Aumenta O Seu Déficit!? Este artigo reflete as opiniões do(s) autor(es), e não necessariamente da Delegacia Sindical do Ceará. Esta Delegacia Sindical não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizada pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações. |
Outros artigos