Solução da imprevidência
21, janeiro, 2013O governo faz saber que vem aí "a desoneração da folha salarial de todas as empresas". Mais uma velha reivindicação empresarial será atendida pelo governo Dilma Rousseff, angustiado com a falta de resultado de suas tantas concessões para obter algum investimento privado. Assim como a redução dos juros e do preço da energia elétrica, a nova medida tem o seu lado interessante para os anais da relação entre poder político e poder econômico.
"Desoneração da folha" é uma das muitas expressões criadas pelos economistas do poder econômico. Destina-se a encobrir o que realmente é pretendido e agora prometido, cuja denominação é inconveniente: a desoneração é das empresas, com o corte na sua contribuição previdenciária. Aquela sempre atacada parte das empresas, acompanhante da parte descontada aos salários, como contribuição compulsória para o INSS. Ou seja, para o fundo da pretensa assistência e da humilhante aposentadoria do assalariado brasileiro. Nos termos oficiais, o que a hipocrisia institucional brasileira chama de Previdência Social. Não se sabe de quanto será a desobrigação a ser concedida pelo governo às empresas. Seja de quanto for, acarretará queda na arrecadação do sistema previdenciário, já atrelado a deficit histórico e multibilionário. Logo, caberá ao governo preencher o aumento do rombo. Com dinheiro público, claro. Então teremos o seguinte: dinheiro proveniente da população, por pagamento de impostos e outras obrigações, será usado pelo governo Dilma Rousseff para suprir a perda da população com a dispensa concedida pelo governo Dilma Rousseff à contribuição previdenciária empresarial. É uma política social de grande originalidade, sobretudo se considerado que seus praticantes compõem o governo do Partido dos Faz a concessão e se dispensa do dever de criar e aplicar suas soluções verdadeiras para o problema da Previdência Social, seu financiamento e sua necessária eficácia. Em menores proporções do que a prometida agora, esta política social do governo Dilma Rousseff já está em curso. Empresas de vários setores tiveram reduzida de 20% para 2% a sua quota de contribuição para o INSS. A quota paga pelos assalariados não comove a nova política social. Junta-se, indefesa, ao que o assalariado, em dupla contribuição, dará com impostos para cobrir o aumento do rombo. |
Fonte: Coluna do Jornalista Jânio de Freitas, na Folha de São Paulo |
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