Delegada concede entrevista sobre crime de estelionato contra servidores públicos

A DS/CE entrevistou, nesta segunda-feira, 10 de novembro, a delegada titular do 2ª Distrito Policial, Socorro Portela, sobre o crime de estelionato em que foram vítimas no último mês de outubro alguns funcionários da RFB no Ceará. Acompanhe abaixo a íntegra da conversa:

Em primeiro lugar, gostaríamos de agradecer a gentileza de receber o Sindicato para esta entrevista e ao mesmo tempo informá-la que o assunto relativo a este Inquérito é de interesse de toda a categoria dos Auditores-Fiscais, nacionalmente, uma vez que vários casos similares têm ocorrido no restante do País. Portanto, tais informações são de extrema relevância, inclusive para a prevenção e o combate a novos crimes no seio da categoria. Assim, peço licença para fazer algumas perguntas sobre os fatos apurados no Inquérito em questão.

Quantas vítimas foram identificadas no Inquérito? Todas elas são funcionárias públicas?
Foram identificadas quatro vítimas, todas funcionárias públicas da Receita Federal do Brasil, sendo dois Auditores-Fiscais e dois Analistas Tributários.

Em que consistia essa prática criminosa e como se dava o modus operandi dessa quadrilha?
Segundo o que foi apurado, eles conseguiam falsificar a documentação das vítimas, carteira de identidade e contracheque, dentre outros, tudo pela internet. Depois, se dirigiam ao banco e com muita facilidade contraiam empréstimos.

Existe algum ponto em comum entre as vítimas, além de serem todos servidores públicos?
O ponto em comum entre essas vítimas é que todos são do Estado do Ceará e são funcionários públicos federais, basicamente isso. Dessas quatro vítimas, eles conseguiram contrair empréstimo no nome de duas, no caso os dois Auditores-Fiscais.

A senhora tem ideia de como a quadrilha teve acesso a dados como conta bancária e margem consignável das vítimas, a ponto de coincidirem com informações verídicas constantes de seus contracheques, sendo que tais informações não estão disponíveis no portal da transparência?
É uma quadrilha cuja ramificação acreditamos que seja de Imperatriz, no Maranhão, e embora eu tenha concluído o inquérito porque eu estava com um integrante preso e precisei concluir num prazo de apenas dez dias, nós ainda estamos realizando diligências com relação a vários fatores, inclusive em relação a isso que a senhora acabou de indagar.

A Polícia conseguiu identificar quem alimentava a quadrilha com essas informações?
Nós estamos aguardando algumas informações, requisições, fizemos encaminhamentos inclusive para a Polícia do Maranhão, então só podemos nos posicionar a respeito desta pergunta após a resposta dessas nossas indagações.

Os documentos falsificados eram produzidos com a utilização de papéis oficiais?
Não. O que nós apreendemos foram confeccionados de maneira um pouco grosseira.

Foram apreendidos documentos falsificados de todas as vítimas ou existe alguma vítima cujos documentos falsos ainda estão em poder do restante da quadrilha?
Não conseguimos apreender todos os documentos falsos e alguns se encontram sim nas mãos dessa quadrilha.

As investigações avançaram na identificação dos outros membros da quadrilha? Alguém mais foi preso? Existe alguma solicitação de mandado de prisão?
Nós estamos ainda confirmando a identificação das pessoas, porque podem também ser nomes falsos, então precisamos ter muita cautela, mas estamos já com a agenda marcada para a oitiva de mais um integrante da quadrilha.

Há algum indício que aponte para uma ramificação dessa quadrilha, além da cidade de Imperatriz?
Tudo aponta mais para essa cidade de Imperatriz, no Maranhão, mas estamos aguardando a resposta a alguns ofícios encaminhados àquele estado.

E o mentor intelectual? Já foi identificado?
Nós estamos ainda aguardando resposta para confirmar a identificação dele.

O relatório do inquérito está propondo o indiciamento de quantas e quais pessoas, e em quais crimes?
O Artigo é o 171 e no momento apenas de um, o que foi autuado em flagrante, o Jackson Charles da Silva Cruz, porque nós precisamos ainda confirmar a identificação de mais três pessoas. O próprio Jackson foi submetido a exame de identificação.