O Forum Econômico Mundial e a desigualdade social
17, janeiro, 2014Por José Carlos Peliano, da Carta Maior
Reunião prévia do Forum Econômico Mundial ocorrida em Londres quinta-feira, 16 de janeiro, entre outras considerações, concluiu que a diferença entre ricos e pobres tem aumentado no mundo. A desigualdade social toma vulto nas economias desde as menos às mais desenvolvidas, o que gera apreensão sobre a eclosão de possíveis e prováveis desajustes sociais.
No mesmo passo, a insegurança e o desamparao social causa preocupações de ordem institucional no sentido de avaliar mais detidamente a crise econômica arrastada de 2008 para cá e suas repercussões nos países para que se visualize e conceba diretrizes de enfrentamento e até mesmo reorientação de rumos.
O Forum propriamente dito começa na próxima semana em Davos na Suíça, ambiente e ocasião em que os membros representativos dos países deverão direcionar suas avaliações e deliberações sobre as ameaças que as pressões que a desigualdade de renda deverão provocar na sociedade. Entre as formas de pressão, que podem desembocar sobre a ordem econômica estabelecida, estão os distúrbios, manifestações e protestos de toda natureza com consequências sérias e imprevisíveis.
Essas observações fazem parte do levantamento feito entre 700 especialistas de várias nacionalidades com o título "Riscos Globais 2014", onde são apontados 31 riscos a serem encarados pelos países nos anos vindouros, assim como consideradas a potencialidade e a repercussão de suas consequências. O material será conhecido e apresentado oficialmente pelo Forum de 22 a 25 de janeiro.
Uma das pontuações mais importantes do levantamento trazidas ao conhecimento do público trata da juventude da década atual que vive em situação desconfortável, desajustada e angustiante de desemprego e desqualificação profissional. Há menção específica de que a geração está “frustrada e perdida”. A apreensão sobre eventual explosão social vem da falta de alternativas e oportunidades presentes no mercado de trabalho, especialmente dos países que mais sofrem com as consequências da crise, tipo Grécia, Espanha, Itália, Irlanda e Portugal.
Não é o caso do Brasil, no entanto, que não só passou, e tem passado, pela crise em melhor situação econômica e mais seguras condições financeiras, muito embora sinta seus efeitos adversos especialmente na balança comercial. Também pudera, os países compradores em crise reduzem seus pedidos de produtos às empresas nacionais. É tempo de navegar o barco em velocidade menor prestando mais atenção às tempestades e mesmo marolas.
A média de crescimento da economia brasileira gira em torno de 2,2% nos últimos três anos (de 2011 a 2013), o que não compromete sua capacidade de resistência e recuperação no momento oportuno. O grande trunfo está mesmo na evolução da desigualdade, como salientado em textos meus anteriores aqui na Carta Maior, que vem decrescendo nos últimos 10 anos de forma consistente. Isto mostra que, diferentemente dos demais países, o Brasil conseguiu fazer seu dever de casa, amortecendo como pode o impacto da crise mundial sem se descuidar de mitigar e mesmo reverter seus efeitos sobre a desigualdade social.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) destaca que o Brasil não chegou a atingir um nível preocupante de desocupação entre a população jovem. Segunda ela, o mercado de trabalho brasileiro continuaria aquecido. Em 2012, a taxa de desemprego entre os jovens no Brasil estava próxima à média mundial de 12,6%, abaixo de 13,5%, que era a média da América Latina e Caribe, e mais abaixo ainda que as taxas dos países desenvolvidos de 17,9%, como Estados Unidos e Japão, e da Europa Central de 17,1%.
A opção da política econômica no país foi a de administrar os impactos da crise financeira mundial mantendo o setor produtivo seguindo mais devagar, cuidando com isso de segurar o quanto possível os níveis de emprego da população trabalhadora e ajudar no combate à desigualdade de renda. Os resultados comprovam essa trajetória.
De maneira radicalmente oposta, os países desenvolvidos especialmente Estados Unidos e a Europa Central, optaram por fazer os ajustes financeiros, particularmente em suas dívidas públicas, deixando o mercado de trabalho à deriva. O resultado está na pauta do Foruam Econômico Mundial da semana que entra: o que fazer para reduzir a desigualdade social em suas duas pernas, ampliação do emprego e redução da desigualdade.
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