Péssimas condições de trabalho e dificuldade nas remoções são tema de Carta Aberta
20, junho, 2014A prévia do resultado do Concurso de Remoção 2014 saiu esta semana, frustrando muitas das expectativas de quem sofre na pele os riscos pelas inadequadas condições de trabalho, agravadas pela angústia de voltar à terra natal.
A propósito deste tema, a DS/CE divulga nova Carta Aberta redigida pelo AFRFB Carlos Adolfo Moreira Matos, lotado em Pacaraima-RR, em que este trata dos riscos no trabalho aduaneiro de fronteira e da dificuldade de remoção, situações enfrentadas por grande parte dos nossos colegas pelos rincões do Brasil.
A DS/CE pretende passar a publicar periodicamente textos sobre ambos os assuntos, bem como reforçar as gestões sobre a Administração da RFB para sanar essas questões, buscando o atendimento das expectativas pessoais e profissionais dos colegas que trabalham anos a fio sem a chance de serem removidos para as localidades que lhes interessam.
Confira abaixo a íntegra da Carta do colega de Pacaraima:
“Nunca foi tão difícil volver à casa. A ideia dos fortes que resolvem encarar as fronteiras brasileiras é retornar para PERTO de seu lar o mais rápido possível. No entanto, engana-se (como eu me enganei) boa parte dos que pensam assim.
Hoje saiu a prévia do Concurso de Remoção de AFRFB 2014. Ao consultar minha classificação e a dos colegas, percebi que, alguns meses a mais ou a menos pouco influenciaria nossa remoção. Dezenas de pessoas à nossa frente e com muito mais tempo de serviço serão agraciadas. Eu, provavelmente não. Muitos de nós, idem.
Não gosto de ser repetitivo, mas não há como ser indiferente em um cenário tal como se nos apresenta agora. A RFB, especificamente a 2ª RF, preocupa-se mais em restringir o teletrabalho aos servidores em estágio probatório, como se isso ajudasse em algum momento o órgão, e apresentar-se por videoconferências, desprezando os péssimos sinais de internet em praticamente TODA a região Norte. Que língua se fala aqui?
Enquanto isso, a Aduana da 2ª RF segue seu curso normal do aniquilamento. A Inspetoria de Pacaraima está a instantes de começar a funcionar no “prédio novo”. Digo “novo” porque já está “pronto” desde 2007, porém a obra estagnou por ocasião de um incêndio no prédio da DRF Belém no mesmo ano. Há alguns meses, a obra foi retomada, mas os problemas persistem.
O novo espaço para fiscalização vai receber sol e chuva da serra, pois a cobertura montada é muito alta. Há infiltrações e mofo. A caixa d’água existe, mas não há tubulaçãoque leve a água às torneiras. Em suma, um verdadeiro “jogo dos sete erros”, em que basta um olhar superficial para se notar os outros três, quatro, cinco, dez erros. Sugestões foram dadas, mas os insulados responsáveis pela obra rechaçaram quase todas as propostas. “Vai ser assim mesmo, o que está no projeto”, é o que mais se escutou nas reuniões baldadas sobre o tema.
Entrementes, o desejo de ir embora só cresce. Filho da Terra da Luz e provinciano ao extremo, passo a ter de reconsiderar minhas posições. As circunstâncias mudaram muito de junho de 2013 para cá, pois muitas foram as vicissitudes. Diante da semi-impossibilidade de retornar ao meu estado de origem, a capital federal passa a ser necessidade. Mas até isto está difícil. Centenas de outros servidores à minha frente parecem ter tido a mesma ideia.
Espero não ter de prolongar a rotina “passagem-táxi-aeroporto-embarque-avião-escala-conexão-desembarque-repita o processo” por mais meses ou anos. Mas isso não mais posso decidir. O jeito é entregar tudo mesmo nas mãos do Criador. Ele saberá o que é melhor para todos.
Com efeito,
Pacaraima, 16 de junho de 2014.”
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