Questão de valor: Sindifisco é o representante da categoria em todas as instâncias

A recusa de um administrador de Pelotas (RS) a receber o presidente do Sindifisco Nacional, inviabilizando o (imprescindível) diálogo sobre uma punição a outro colega, causou perplexidade nos membros do Conselho de Delegados Sindicais (CDS), reunidos entre 20 e 23 de maio, em Brasília.

O fato de um Auditor-Fiscal ser punido por participar da mobilização da categoria já seria lamentável, isoladamente. E uma punição por esse motivo, partindo de outro Auditor-Fiscal no exercício de cargo administrativo, incompreensível. Mas, são os elementos por trás de fato e ato que exigem nossa reflexão – e, em caráter urgente, uma nova postura dos Auditores-Fiscais.

O Sindifisco Nacional foi constituído para representar nossa categoria em todas as instâncias. Portanto, as questões referentes à vida funcional dos Auditores-Fiscais têm, como interlocutor oficial, nosso Sindicato. Desrespeitá-lo ou desconhecê-lo como instituição equivale a desvalorizar aquilo que somos e o que construímos – nosso trabalho, nossa carreira e a forma legítima de encaminharmos nossos anseios.

Que tal fato aconteça num momento em que a própria Receita Federal parece não valorizar a importância de seu papel, dentro do Estado brasileiro, é outro indício preocupante. A Receita Federal dá sinais de não mais se reconhecer – e as propostas em curso para moldar-lhe uma nova face institucional não se apresentam com clareza, situação que intranquiliza seus quadros funcionais.

Se a Receita Federal projeta uma nova face, este é o momento de revermos posturas. O valor dos Auditores-Fiscais se reflete em tudo o que nosso trabalho representa para a sociedade brasileira, para o Estado, para o papel protagonizado pelo País no cenário internacional. Isto não é pouco. Convém nos posicionarmos à altura e reafirmarmos o valor do Sindifisco Nacional como instituição – antes que as distorções e os excessos superem o reconhecimento, o respeito e o diálogo.

Se nada justifica o desrespeito de um administrador pelo Sindicato que também o representa e protege – as conquistas coletivas resultam da unidade e da mobilização do conjunto –, bem mais grave é aceitar, de forma passiva, a punição a um Auditor-Fiscal por participar da mobilização da categoria. Embora indignados, os membros do CDS não formularam sequer um protesto contra fato e ato.
O valor de nossa categoria não se mede somente pelo salário e condições de trabalho. Valor equivale a respeito e reconhecimento. Se os canais legítimos de interlocução forem inviabilizados, como se darão as futuras negociações salariais? Quem estará à mesa para dialogar sobre os aspectos que compõem nosso trabalho cotidiano? Quem ainda nos respeitará?

A punição ao Auditor-Fiscal de Pelotas chama-nos à reflexão por colocar em questão toda a nossa Entidade e, assim, merece uma ação compatível com a sua gravidade.