Caso Jesus: Presos dois acusados de atirar em auditor da Receita
21, setembro, 2011Dois acusados de tentar matar o auditor da Receita Federal Jesus Ferreira foram presos pela Polícia Federal (PF). Um deles já estava detido porque responde a outros crimes. O outro não tem antecedentes criminais. Um terceiro envolvido está sendo procurado pela Polícia. O iraniano Farhad Marvizi é apontado como mandante do crime. Ele foi preso no ano passado, acusado de liderar uma organização criminosa voltada para contrabando e descaminho de produtos eletrônicos.
A tentativa de homicídio ocorreu em dezembro de 2008. O superintendente da Polícia Federal no Ceará, Sandro Caron, não apresentou os nomes dos presos. Só as iniciais. São M. S. L., de 20 anos, que teria efetuado os disparos na direção do auditor, e L. P. F., de 49 anos. Os dois, conforme o superintendente, confessaram a participação no crime. Eles também contaram, segundo o delegado, como conseguiram a pistola 9 mm usada na tentativa de homicídio.
O acusado que já estava preso, recolhido no Instituto Penal Professor Olavo Oliveira (IPPOO), respondia a um homicídio em Canindé. “É um pistoleiro conhecido já”, comentou Cláudio Joventino, chefe do Núcleo de Inteligência da PF no Ceará.
Além da confissão, o delegado Sandro Caron citou que há evidências para acusar os três. “Não temos só confissões. Temos todas as provas e estão no inquérito policial, mas não podemos passar detalhes, por questão de segurança”, enfatizou o delegado.
Ele citou que o homem que está foragido é de Maracanaú. Já foi pedida à Justiça a solicitação para que a foto dele seja divulgada. Isso ajudaria na identificação do acusado, segundo a Polícia.
Esse terceiro homem teria acompanhado o dia a dia do auditor federal, seguido Jesus no dia do atentado e entrado em contato com os outros dois, informando o veículo em que o auditor estava e as placas do carro, como relatou o delegado Sandro Caron. A Polícia acredita que deva encontrá-lo logo. “É questão de tempo”, acrescentou Cláudio Joventino.
Moto do crime
A moto usada para o crime foi apreendida pelos policiais. Ela teve a placa virada durante o atentado. Segundo eles, a moto foi utilizada em outro homicídio no bairro Castelo Encantando, em 18 de março do ano passado.
A Polícia ressaltou que, durante as investigações, teve o apoio da Receita Federal.
“O Estado tem que ser respeitado. O Estado nunca vai ficar acuado. Todo aquele que tentar intimidar o Estado vai ter a devida resposta. O Estado jamais vai se amedrontar com esse tipo de situação”, frisou o superintendente da PF, Sandro Caron.
ENTENDA A NOTÍCIA
O auditor Jesus Ferreira, da Receita Federal, sofreu o atentado em 9 de dezembro de 2008. Era diretor da Divisão de Combate ao Contrabando e Descaminho. Ele saía do trabalho, na Alfândega, para casa, na Hilux dele.
Entenda o caso
Em agosto de 2010, a Polícia Federal deflagrou a Operação Canal Vermelho. O iraniano Farhad Marvizi foi preso acusado de mandar matar 11 pessoas em Fortaleza. Ele foi apontado pela Polícia como chefe de um esquema milionário de contrabando de produtos eletroeletrônicos.
Segundo as investigações, teriam morrido quem entrou no caminho do grupo, quem era concorrente e os que sabiam demais e ameaçavam os planos criminosos.
Entre as mortes investigadas pela PF e atribuídas ao iraniano, está a do empresário de telefonia móvel Francisco Francélio Holanda Filho. Ele foi morto dentro do carro, na rua Padre Valdevino, em 2010.
A PF citou ainda a morte de um comerciante na Vila Manoel Sátiro. Francisco Cícero Gonçalves de Sousa teria sido morto a mando do iraniano, em 2009. Ele foi apontado como um dos pistoleiros que participaram do atentado contra o auditor da Receita.
Em maio de 2011, o juiz Danilo Fontenele, da 11ª Vara da Justiça Federal, julgou improcedente a denúncia do Ministério Público contra o iraniano. O réu foi impronunciado: não vai mais ser julgado pelo Tribunal do Júri Popular.
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