DS/CE adquire novos livros para empréstimo
18, agosto, 2011A DS/CE adquiriu três volumes do livro “Grundrisse”, de Karl Marx, para empréstimo aos seus filiados. Confira abaixo texto do sociólogo Francisco de Oliveira sobre esta edição, publicada pela Boitempo Editorial.
"A Boitempo Editorial, em coedição com a Editora UFRJ, presenteia os leitores de língua portuguesa com uma primorosa tradução dos quase lendários Grundrisse, a obra de Marx que somente veio à luz na primeira metade do século XX, em virtude dos conflitos centrados no controle que o Partido Comunista da ex-URSS exerceu sobre os escritos não divulgados do filósofo de Trier, como parte da luta ideológico-política pela exclusivdade do “verdadeiro” Marx.
Os Grundrisse foram considerados inicialmente apenas esboços das idéias que o pensador alemão estava elaborando para os textos de O capital, sua obra-prima, espécie de amostra ou work in progress do que viria a ser a obra central de Marx; um borrador tantas vezes retocado que poucos se atreveriam a citar. Aliás, mesmo O Capital experimentou tantas reformulações que Engels, após a morte de Marx, encontrou enormes dificuldades para ser fiel ao pensamento do seu companheiro e editar os volumes que ele não pudera terminar em vida. Sabe-se que o fundador de uma das mais importantes correntes do pensamento moderno era tão vigoroso consigo quanto com seus adversários
Descobriu-se com o tempo que os Grundrisse são muito mais que “esboços” ou adiantamentos da obra maior de Marx; talvez por não sentir concluídas as idéias que elaborava na ocasião, excluiu das obras que publicou, e também daquelas às quais se dedicaram Engels e Kautsky, preciosos textos que, mesmo não estando literariamente acabados, constituem patrimônio do marxismo e das ciências humanas de inestimável valor. O vigoroso teórico pode ser justamente tido como um escritor de primeira plana; ele tinha, sem muita modéstia, inteira consciência de seu valor literário e, talvez por exagero – e que temperamento -, tenha deixado na obscuridade muitos textos que estão nos Grundrisse. Textos como “Formas que precederam a produção capitalista” e as considerações sobre trabalho produtivo e improdutivo permaneceram, pois, inacessíveis, prejudicando toda uma discussão teórica e o próprio desenvolvimento do marxismo.
Eles estão agora com os leitores do Brasil e de outras paragens onde reina a “última flor do Lácio” (Olavo Bilac), para nossa delícia teórica e nossas elaborações na tradição marxista. Eia, pois, à tarefa! – Francisco de Oliveira"
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