Categorias se dizem insatisfeitas
9, julho, 2012A ordem da presidente Dilma Rousseff é cortar ao máximo as despesas com a máquina pública, custe o que custar, segundo técnicos da Secretaria-Geral da Presidência. Ao receber os representantes de categorias do funcionalismo a portas fechadas, como fez ontem o secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sergio Mendonça, a estratégia tem sido convencê-los a suspender a greve. Demonstrar interesse, mas não gastar um centavo além do programado, com o argumento de que, em momentos de conjuntura internacional incerta, é impossível não manter severo ajuste fiscal. Se tiver êxito em aplacar a fúria dos sindicalistas até 31 de julho, quando por lei terá que concluir o orçamento para 2013, o discurso será o de que já não poderá incluir custos com salários no documento recém-aprovado.
"Se não for agora, o depois será em 2014. E lá o governo vai querer dar só o que pedimos hoje. Ou seja, perderemos sempre para a inflação", disse Luís Roberto da Silva, diretor financeiro do Sindicato Nacional dos Servidores do Ministério da Fazenda. Silva diz que o governo, ao mesmo tempo que ameaça os grevistas com o corte de ponto de dias não trabalhados, tenta comover a opinião pública com a atual folha de pagamento de R$ 180 bilhões. Para o diretor de estudos do Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal (SindFisco), Luiz Benedito, uma análise mais detalhada da história de reajustes contrasta com dados do governo.
"Gastos reduzidos"
Estudos do Sindicato apontam que o governo reduziu o gasto com pessoal, na comparação com a Receita Corrente Líquida, de 56,2%, em 1995, para 35,6%, em 2011. Em percentual do PIB, durante os governos FHC e Lula, os gastos foram de, respectivamente, 4,96% e 4,79%. Na gestão de Dilma, caíram para 4,77%. O SindFisco quer aumento imediato de 30,19% no salário final e reversão do corte de ponto das greves de 2008 e 2003. " Só queremos atualização", disse Luiz Benedito.
Fontes da Secretaria-Geral da Presidência, porém, acusaram o SindFisco de "malandragem de números e de argumentos de oportunidade". Para o presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central/DF (Sinal), José Ricardo e Silva, "o governo não quer o diálogo". Assim, a greve dos servidores públicos não tem prazo para terminar, em 22 estados e no Distrito Federal. A Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) informou que as demandas são, em linhas gerais, recomposição salarial, plano de carreira e concurso público.
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