Greve reduz receita
12, julho, 2012A resistência do governo em atender às reivindicações dos servidores públicos federais pode trazer drásticas consequências aos cofres da União. Apenas as operações tartarugas (lentidão nos trabalhos em portos e aeroportos) e crédito zero (adiamento dos processos de arrecadação) dos auditores fiscais da Receita Federal acarretarão uma queda de 5,77% no recolhimento de impostos e contribuições, este mês, no confronto com maio, que foi de R$ 77,971 bilhões.
A cada 24 horas, o Fisco deixa de receber menos R$ 150 milhões. Em um mês, serão R$ 4,5 bilhões. E, se contarmos todos os dias - desde 18 de junho, quando os auditores iniciaram o movimento, até 31 de julho, data em que o governo promete apresentar uma proposta aos grevistas -, o valor dos créditos tributários não recolhidos sobe para R$ 6,450 bilhões. Além disso, a operação tartaruga mantém cerca de 2,5 mil caminhões retidos na fronteira brasileira em Foz do Iguaçu.
Os cálculos são do presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita (Sindfisco), Pedro Delarue. Ele alertou para o perigo de estrangulamento do comércio exterior e de desabastecimento do mercado interno - 5% de todas as mercadorias que circulam por portos e aeroportos já estão aguardando para entrar ou sair do país. "O governo disse que o impacto da paralisação dos auditores seria de R$ 3 bilhões, mas pode sair pelo dobro do preço."
22% possíveis
Delarue contesta também os argumentos do governo para não conceder o reajuste linear de 22% pedido pela categoria. Com base em dados do Boletim Estatístico de Pessoal, do Ministério do Planejamento, ele mostrou que a folha de salários da União é da ordem de R$ 197,4 bilhões. "Os gastos com os civis são de R$ 111,951 bilhões. Portanto, um reajuste linear de 22% seria de R$ 24,5 bilhões e não de R$ 60 bilhões. Não sabemos como o governo chegou a esses números", diz.
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